Pensar que foste
pensar que voltaste
pensar que foste outra vez
pensar que voltaste de novo
pensar que mais uma vez me deixaste
assim um poema não se escreve
deixar o pensar
chamar as palavras
digam-me palavras como se escreve um poema de amor
que não sofra de perda
que não cante de beijos
que não lembre saudade
que não aqueça um abraço
que não trescale a alcova
que não deseje ardente
que não busque intenso o corpo
para amar amando sem palavras
digam-me palavras como se escreve um poema de amor
em que eu não esteja
em que este pobre corpo não se manifeste
em que este sentimento não se sustente
em que as madrugadas de vigília não se enunciem
em que a distância não se pronuncie
em que o coração não se sobressalte
em que o corpo ainda não morra frio
para guardar o que restou, posto que minguado
amar amando
guardar o amanho
só se faz sem palavras
Eu queria comentar, mas me faltam as palavras. Porém, transbordam pensamentos...
O interessante desse poema, é que o título promete uma explicação, mas o que temos é a uma sucessão de impossíveis em forma de verso,o que é bem curioso, por que vai exatamente de encontro com o AMOR! (Luciana Braga)