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Tecendo a Escritura

Olá, Nosso Blog é uma janela de acesso aos textos escritos no Laboratório de Criação Literária, in-disciplina desgovernada pelo Cid, professor da Universidade Federal do Ceará. Boa leitura!

DuElo

̶ Eu já sabia que hoje, no finzinho da tarde, ia te encontrar. Sonhei contigo, hoje, agora à tarde. Estava bem claro e a lua vermelha espelhava nos teus olhos, cobertos de pranto. Se batendo contra as pedras em que cravavas tuas mãos, tal garras, hora golpeavas as pedras, hora a ti mesmo até que as pedras se quebravam e tu caías, desequilibrado, no meio delas. Mas, eis que as pedras se fecham e tu agora também és pedras! Sonho louco este. Mas, por que ris? Tu que és tão louco quanto este sonho?
̶ Não sou louco.
̶ Mas é claro que és. Se tu fosses pessoa sã não baterias em ti mesmo e nas pedras, pessoas sãs batem em outras pessoas sãs, ou em loucas, caso as encontrem.
̶ O que dizes não faz sentido! Acabastes de dizer que sonhastes isto.
̶ Tens razão. Caso não encontrasses um louco ou um são, sendo tu um louco, baterias em ti mesmo, claro. Mas, mesmo assim, não baterias nas pedras. Realmente és louco.
̶ Não, tu és o louco.
̶ Sim, eu o sou, mas, diferente de ti, não tento negá-lo. Dizem que os loucos jamais se dizem assim, então isto prova que és louco.
̶ Já te disse que não sou.
̶ Eu sabia: louco.
̶ Pois se assim o dizes eu digo que sou louco!
̶ Eu já sabia.
̶ E agora?
̶ O que?
̶ Não dirás que sou são por dizer-me louco?
̶ Não. És louco, já disse.
̶ Mas isso não faz sentido!
̶ Eu sou louco, não preciso fazer sentido.
̶ Desisto de ti!
̶ Desisto de mim.
̶ Vá embora! Não quero mais te ver ou falar contigo. Deixe-me só.
̶ Desculpe, mas não posso. Já te disse, sonhei contigo.
̶ E isso o que tem?
̶ Tem que hoje morreremos. Não prestastes atenção no que disse?
̶ Como assim morreremos? Só por causa de um sonho?
̶ Sonho? Eu digo que morreremos e isto não é sonho, é real.
̶ Quem tu pensas que é para dizer quando morrerei? Tu que és apenas um homem, sombra, reflexo, poeira, nada!
̶ Nada de poeira. Apenas o reflexo da sombra de um homem? Talvez. Mas, errastes numa coisa: não morrerás, morreremos, pois o teu destino está ligado ao meu já que és o meu reflexo no espelho.
̶ Enlouquecestes? Eu jamais seria o teu reflexo! Quando muito serias tu o meu reflexo.
̶ Desculpe, mas já não posso continuar esta conversa. O sol já está se pondo e eu devo me despedir de ti. Sabes que aqui não há luz e hoje, diferente do sonho, é dia de lua novo. Jamais nos veremos novamente, morreremos esta noite e só nos resta o adeus.
̶ Perdestes completamente o juízo? Que pergunta esta que faço a um louco! Estais a me contagiar! Pensas que vais embora e me deixar aqui falando sozinho? Eu partirei antes de ti e das duas uma, ou irei ao teu enterro amanhã ou te encontrarei aqui, no mesmo horário a te esfregar na cara minha vida e minha existência!
̶ Adeus bom amigo e obrigado por todos estes anos de companheirismo.
̶ Até amanhã seu doido varrido!
Camila Sâmia
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    ̶ Não sou louco.
    ̶ Mas é claro que és. Se tu fosses pessoa sã não baterias em ti mesmo e nas pedras, pessoas sãs batem em outras pessoas sãs, ou em loucas, caso as encontrem.
    ̶ O que dizes não faz sentido! Acabastes de dizer que sonhastes isto.
    ̶ Tens razão. Caso não encontrasses um louco ou um são, sendo tu um louco, baterias em ti mesmo, claro. Mas, mesmo assim, não baterias nas pedras. Realmente és louco.
    ̶ Não, tu és o louco.
    ̶ Sim, eu o sou, mas, diferente de ti, não tento negá-lo. Dizem que os loucos jamais se dizem assim, então isto prova que és louco.
    ̶ Já te disse que não sou.
    ̶ Eu sabia: louco.
    ̶ Pois se assim o dizes eu digo que sou louco!
    ̶ Eu já sabia.
    ̶ E agora?
    ̶ O que?
    ̶ Não dirás que sou são por dizer-me louco?
    ̶ Não. És louco, já disse.
    ̶ Mas isso não faz sentido!
    ̶ Eu sou louco, não preciso fazer sentido.
    ̶ Desisto de ti!
    ̶ Desisto de mim.
    ̶ Vá embora! Não quero mais te ver ou falar contigo. Deixe-me só.
    ̶ Desculpe, mas não posso. Já te disse, sonhei contigo.
    ̶ E isso o que tem?
    ̶ Tem que hoje morreremos. Não prestastes atenção no que disse?
    ̶ Como assim morreremos? Só por causa de um sonho?
    ̶ Sonho? Eu digo que morreremos e isto não é sonho, é real.
    ̶ Quem tu pensas que é para dizer quando morrerei? Tu que és apenas um homem, sombra, reflexo, poeira, nada!
    ̶ Nada de poeira. Apenas o reflexo da sombra de um homem? Talvez. Mas, errastes numa coisa: não morrerás, morreremos, pois o teu destino está ligado ao meu já que és o meu reflexo no espelho.
    ̶ Enlouquecestes? Eu jamais seria o teu reflexo! Quando muito serias tu o meu reflexo.
    ̶ Desculpe, mas já não posso continuar esta conversa. O sol já está se pondo e eu devo me despedir de ti. Sabes que aqui não há luz e hoje, diferente do sonho, é dia de lua novo. Jamais nos veremos novamente, morreremos esta noite e só nos resta o adeus.
    ̶ Perdestes completamente o juízo? Que pergunta esta que faço a um louco! Estais a me contagiar! Pensas que vais embora e me deixar aqui falando sozinho? Eu partirei antes de ti e das duas uma, ou irei ao teu enterro amanhã ou te encontrarei aqui, no mesmo horário a te esfregar na cara minha vida e minha existência!
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