Memória
Como num grande museu
onde línguas incomuns
se comunicam em cores
a tessitura dos sonhos
queimava na fornalha
da locomotiva ardente.
O senhor não estava lá.
O cimento do invisível
desloca quadros da parede.
O senhor não estava lá?
Alguns cantavam amores
sob as luzes do semáforo.
A esquecida luz do poeta
arranhava a noite
de todos os que só dormem.
Os filósofos e as suas
preces incessantemente
assassinando os autores.
Num grande laboratório
as esculturas erguiam-se
prestes a beijar o céu.
Esquecia-se o francês,
amava-se em español,
o chinês beijava o holandês.
Como num grande museu
o segredo de muitos homens
compartilhavam o silêncio,
na pureza do silêncio
já teciam-se mil palavras,
mas cada quebra-cabeça.[Madjer]
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