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Tecendo a Escritura

Olá, Nosso Blog é uma janela de acesso aos textos escritos no Laboratório de Criação Literária, in-disciplina desgovernada pelo Cid, professor da Universidade Federal do Ceará. Boa leitura!

Diálogo com a página em branco

Ela está lá. Sempre a me falar. Diz tantas coisas, coisas tão belas, da ordem do infinito. É sem dúvida muito tagarela, mas não tem cérebro.  Não aguento ficar em sua frente, com tantas palavras borbulhando, pulando pra fora, saltitando feito adolescentes desorientadas. Persigo-as e elas sempre escorregam. “Saem pela culatra”. E ela está sempre a me dizer coisas sobre muitas coisas. E é difícil saber o que ela me fala, do que ela me fala. Os tímpanos de minha mente são quase perfurados pela sua tagarelice e não me vem o raciocínio. Nada me vem ou tudo vem ao mesmo tempo.
A folha branca é uma maldita. Nunca diz bem as coisas.  Fala sempre por metades. Tem a voz truncada. E às vezes quase não tem voz. Mas não é porque ela calou não. Ela nunca cala. É safada. É tresloucada. Inconsciente e ciente dos danos que me causa. Danada.
E o meu papel é tentar enganá-la. Tenho que trapaceá-la. Cada palavra que ela profere, e são sempre aos montes, deve ser atada a outra, para que assim, façam sentido. Mas não dá. Chego a pensar se não seria impossível juntá-las bem bonitas, atá-las uma a uma como os nós de uma rede de pesca. Formando losangos bonitos, simétricos embora um pouco arredondados. Mas elas não deixam. Não são da ordem dos losangos, talvez. São da ordem de si mesmas. Então vou juntando as que a meu ver são parecidas, que chegam a significar seja lá o que for. E é aí que eu acho que ficam mais bonitas na desordem mesmo.
E continuo. Desisto dos losangos e parto pra outras formas geométricas ou ageométricas, ou não-formas. O importante pra mim é sempre estar em contato com essas palavras que diz a página em branco. Às vezes apenas a escuto. Ouço, ouço, ouço, ouço. Vejo os pulos das letrinhas, os pulões das palavras. Contemplo. Ouço. Amo-as. Chamo-as. Canto-as. Encanto-me. Cantam-me. Cato-as.


Keyla Freires
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    Ela está lá. Sempre a me falar. Diz tantas coisas, coisas tão belas, da ordem do infinito. É sem dúvida muito tagarela, mas não tem cérebro.  Não aguento ficar em sua frente, com tantas palavras borbulhando, pulando pra fora, saltitando feito adolescentes desorientadas. Persigo-as e elas sempre escorregam. “Saem pela culatra”. E ela está sempre a me dizer coisas sobre muitas coisas. E é difícil saber o que ela me fala, do que ela me fala. Os tímpanos de minha mente são quase perfurados pela sua tagarelice e não me vem o raciocínio. Nada me vem ou tudo vem ao mesmo tempo.
    A folha branca é uma maldita. Nunca diz bem as coisas.  Fala sempre por metades. Tem a voz truncada. E às vezes quase não tem voz. Mas não é porque ela calou não. Ela nunca cala. É safada. É tresloucada. Inconsciente e ciente dos danos que me causa. Danada.
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