Esse tremor musicado pela melodia das palavras as transcende; transcende o “ela”. Suas ondas sonoras atingem os confins do inefável e escapam às suas mãos.
Atormentada por essa melodia, ela tenta torná-la concreta tecendo a escritura. Mas dar forma a uma massa amorfa é uma caminhada trôpega e desencontrada: é o fio de Ariadne que não encontra a solução do labirinto; é a manta de Penélope que é construída e desfeita a cada dia; é tecer o infinito sem o julgamento das Moiras para determinar seu desfecho.
E nessa busca em espiral, Ela sente que o propósito de tecer é voltar à paz amniótica do embrião em seu início. É, num mundo onírico infantil, a luta para atravessar os sete céus e aprisionar um punhado de poeira das estrelas nas mãos.
já pensou e parou que a vida é isso:
uma "busca em espiral"?