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Tecendo a Escritura

Olá, Nosso Blog é uma janela de acesso aos textos escritos no Laboratório de Criação Literária, in-disciplina desgovernada pelo Cid, professor da Universidade Federal do Ceará. Boa leitura!
Poema-imagem

O OLHAR espelho
                             que reflete
                  traduz
                      tonalidades de sentimentos
                       equilíbrio do desequilíbrio 
                ébrio delírio 

                                    paisagem suspensa
                                             suspiro...
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“Conversando aos infinitos”



—Diga-me que é para sempre.
—Não posso dizer o que não depende de mim.
—Transborde um pouco do que sente.
—Não posso transbordar aquilo que não tem fim.

—Faça-me sentir pelo menos uma vez.
—Uma vez não basta, gostoso é não ter fim.
—Espero que saiba o que você fez.
—Não sei o que fiz, nem sei o que faço de mim.

—Abraça-me com braços e palavras.
—Palavras não servem para esse fim.
—Explica-me para que servem as palavras.
—Elas servem para esconder e revelar tudo o que há em mim.

(Luciana Braga...)
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"Paixão"

Amo-te ainda e lembro-me dos beijos
Das noites inesquecíveis e loucas
Ainda possuo a glória dos desejos
Na saudade imortal das nossas bocas.

De toda aquela paixão que me devora
Que me faz até perder o medo
E viver somente por contar as horas
Para nos encontrarmos em segredo.

Lembro-me da glória das estrelas
E do esplendor da lua intensa
Depois de ti nunca mais fui vê-las.

Pois perderam para mim sua fascinação
Pois até essa nossa paixão imensa
Fugiu da realidade para o coração.


(Luciana Braga)

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"Paixão"

Amo-te ainda e lembro-me dos beijos
Das noites inesquecíveis e loucas
Ainda possuo a glória dos desejos
Na saudade imortal das nossas bocas.

De toda aquela paixão que me devora
Que me faz até perder o medo
E viver somente por contar as horas
Para nos encontrarmos em segredo.

Lembro-me da glória das estrelas
E do esplendor da lua intensa
Depois de ti nunca mais fui vê-las.

Pois perderam para mim sua fascinação
Pois até essa nossa paixão imensa
Fugiu da realidade para o coração.

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O laço de Afrodite




    Júlio era um rapaz que cursava o segundo semestre de direito, era tranqüilo, pacato e não havia namorado nenhuma moça até aquele momento. Não porque não quisesse, mas por querer se aprofundar bastante na área jurídica e conseguir um bom emprego. Queria, afinal, ter uma casa, família, filhos e suas respectivas responsabilidades.
   Certo dia, enquanto fazia anotações em seu livro sobre as explanações do professor encontrou-se observado por uma colega de sala. Imediatamente desviou o olhar e continuou o que estava a fazer. Porém, os olhares perduraram por vários dias, até que Júlio entendesse que a moça estava enviando uma mensagem do tipo: Estou afim de você!
   Ocorreu-lhe após isso uma vontade de também observá-la. Começou de imediato a aquilatar-lhe a beleza. Tinha pernas e quadril torneados, cabelos curtos e louros, olhos verdes, uma tez bronzeada, vestia-se muito bem e, por fim, encantava quem a olhasse. Sua imaginação começou a fervilhar com a idéia de um possível romance, pois já estava na hora e seu corpo cobrava um entrelace amoroso. O ímpeto vinha dos fortes hormônios da mocidade.
   Permaneceu o mesmo por vários dias, ficava com receio de chegar àquela bela garota. Não tinha experiência com mulheres. Ela continuou a flertar com mais intensidade mesmo assim Júlio evitava pensar que todos aqueles olhares eram cobiçosos. Dizia consigo: Ela é muito bonita, não vai querer um cara como eu tímido. Franzino, sem-sal. Deve querer um desses de corpo atlético, garanhões, cafajestes etc.
   Resolveu não pensar mais nisso. Concentrou-se nos estudos. Inopinadamente no intervalo da aula, a garota vem e abruptamente aborda-o e pergunta seu nome.
   Nervoso, boceja: Chamo-me Júlio. E você?
_ Meu nome é Alana, mas todos costumam me chamar de Lana.
_  Prazer Lana.
_ Bom, eu queria dizer que quando te vejo meu corpo fica de um jeito que não sei explicar. Fico louca! Chego a pirar.
Uma forte emoção o possuiu de imediato, ficara desorientado. Não sabia o que responder, apenas balbuciou roufenhamente:
- Você é linda.
Ah, obrigada. Tenho que ir agora para aula, depois vejo você. Tchau 
Júlio continuara imóvel no corredor diante daquela fulminante declaração, mas o seu senso o encaminhou para a aula de direito penal. Dias depois quando andava pela faculdade, um amigo, Wilker, chamou-lhe com um sorriso malicioso.
- Ei cara vi você conversando com Lana. Esta virando um homenzinho heim! O que conversavam? Quero saber!
- Nada, só, assuntos jurídicos. E você como está?
- Estou bem, tenho trabalhado muito, mas estou conseguindo acompanhar as seis disciplinas em que me matriculei. Ah, não mude de assunto, vi os bem juntinhos outra vez e nesse mato tem cachorro.
Naquele momento, Alana cruza e acena com um belo sorriso para os dois. Wilker saboreia-a com os olhos de uma raposa, chegando a salivar. Enquanto que Júlio ficara a repassar em sua mente o último encontro.
- Júlio, tens o número do telefone dela?
- Eu, não.
- Pois toma. Faça bom proveito. Até mais, estou atrasado para a prova.
Não houve tempo nem para Júlio se despedir, quando ensejou agradecer, seu amigo já estava dobrando o corredor. Passara minutos eternos olhando o número, fitava os oito dígitos com uma felicidade de quem ganhara na loteria. Não se deu conta do tempo.
Ao chegar em casa escreveu uma mensagem dizendo o quanto desejava conhecê-la e, em seguida, enviou. Deitou-se na cama com as mãos entrelaçadas por baixo da cabeça apoiando-a confortavelmente Não custou muito e ouviu um toque de uma nova mensagem que continha as seguintes palavras: Adivinha o que quero fazer com você? Chocou-se ao ler. Suas expectativas foram quebradas, pois desejava encetar um namoro com todas as preliminares da conquista, o primeiro beijo e palavras de amor. Adormeceu pensando na mensagem.
Na semana seguinte, seu celular não parava de receber mensagens apaixonadas que reclamavam um encontro ardente. Conversaram horas e horas pelo telefone num envolvente jogo de sedução. Combinaram tudo. Numa quinta-feira, à tarde, ficaram de se encontrar num restaurante às duas horas da tarde. Júlio chegou uns dez minutos de antecedência, sentou-se perto das janelas de vidro do estabelecimento; logo depois encostou um carro e, do interior, Alana chamou-o. Foi ao encontro dela, puxou-a para fora do carro e beijou-a violentamente. Em seguida, entraram no carro. Alana pergunta:
- Você que ir para onde?
- Não sei. Júlio temia em dizer a palavra motel, não se sentia seguro, achava que era precipitado falar naquele momento.
- Diz um lugar legal onde possamos ficar juntinhos. Enquanto dirigia, Alana transpunha sua mão do câmbio da marcha para as pernas dele e acariciava-as excitando-o.
- Deixo por sua escolha.
- Pois então vou levá-lo para um lugar que espero que goste.
O carro parou na entrada de um motel. Entreolharam-se com um sorriso e entraram. Foi uma tarde das mais ardentes e selvagens.
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DuElo

̶ Eu já sabia que hoje, no finzinho da tarde, ia te encontrar. Sonhei contigo, hoje, agora à tarde. Estava bem claro e a lua vermelha espelhava nos teus olhos, cobertos de pranto. Se batendo contra as pedras em que cravavas tuas mãos, tal garras, hora golpeavas as pedras, hora a ti mesmo até que as pedras se quebravam e tu caías, desequilibrado, no meio delas. Mas, eis que as pedras se fecham e tu agora também és pedras! Sonho louco este. Mas, por que ris? Tu que és tão louco quanto este sonho?
̶ Não sou louco.
̶ Mas é claro que és. Se tu fosses pessoa sã não baterias em ti mesmo e nas pedras, pessoas sãs batem em outras pessoas sãs, ou em loucas, caso as encontrem.
̶ O que dizes não faz sentido! Acabastes de dizer que sonhastes isto.
̶ Tens razão. Caso não encontrasses um louco ou um são, sendo tu um louco, baterias em ti mesmo, claro. Mas, mesmo assim, não baterias nas pedras. Realmente és louco.
̶ Não, tu és o louco.
̶ Sim, eu o sou, mas, diferente de ti, não tento negá-lo. Dizem que os loucos jamais se dizem assim, então isto prova que és louco.
̶ Já te disse que não sou.
̶ Eu sabia: louco.
̶ Pois se assim o dizes eu digo que sou louco!
̶ Eu já sabia.
̶ E agora?
̶ O que?
̶ Não dirás que sou são por dizer-me louco?
̶ Não. És louco, já disse.
̶ Mas isso não faz sentido!
̶ Eu sou louco, não preciso fazer sentido.
̶ Desisto de ti!
̶ Desisto de mim.
̶ Vá embora! Não quero mais te ver ou falar contigo. Deixe-me só.
̶ Desculpe, mas não posso. Já te disse, sonhei contigo.
̶ E isso o que tem?
̶ Tem que hoje morreremos. Não prestastes atenção no que disse?
̶ Como assim morreremos? Só por causa de um sonho?
̶ Sonho? Eu digo que morreremos e isto não é sonho, é real.
̶ Quem tu pensas que é para dizer quando morrerei? Tu que és apenas um homem, sombra, reflexo, poeira, nada!
̶ Nada de poeira. Apenas o reflexo da sombra de um homem? Talvez. Mas, errastes numa coisa: não morrerás, morreremos, pois o teu destino está ligado ao meu já que és o meu reflexo no espelho.
̶ Enlouquecestes? Eu jamais seria o teu reflexo! Quando muito serias tu o meu reflexo.
̶ Desculpe, mas já não posso continuar esta conversa. O sol já está se pondo e eu devo me despedir de ti. Sabes que aqui não há luz e hoje, diferente do sonho, é dia de lua novo. Jamais nos veremos novamente, morreremos esta noite e só nos resta o adeus.
̶ Perdestes completamente o juízo? Que pergunta esta que faço a um louco! Estais a me contagiar! Pensas que vais embora e me deixar aqui falando sozinho? Eu partirei antes de ti e das duas uma, ou irei ao teu enterro amanhã ou te encontrarei aqui, no mesmo horário a te esfregar na cara minha vida e minha existência!
̶ Adeus bom amigo e obrigado por todos estes anos de companheirismo.
̶ Até amanhã seu doido varrido!
Camila Sâmia
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Num campo de flores
O último suspiro
Leva a leve borboleta.
Camila Sâmia

Segundo imortal.
Luar, um grito calar.
Lamento final.
Camila Sâmia


Ó tempo infalível
Enterra no mar esta era
Momento indizível

Camila Sâmia
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Fujo das lembranças
Minha mente, eterna traiçoeira,
Esmaga a rosa de minha vida
E só se prende a espinhos, lágrimas,
Sangue.

Persigo momentos cobertos de sorrisos
Mas, quando encontro, só me restam sombras,
Só me restam traços, letras, sussurros,
Ilusão e incerteza, minha herança é
Nevoeiro.
Camila Sâmia
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O Arquiteto ou Arquiteto de Sonhos

Conheça o arquiteto do impossível.
O mar separo para base ser.
A espuma, branco véu do meu fazer,
Será firme cimento do impossível

E eu clamo pelo vento, o mais terrível,
Pois tetos e muralhas quero erguer.
Do tempo não almejo nada ter
Desejo o material mais perecível.

As letras são degraus de minha escada.
Idéias? Só adornos no festim.
O pensamento vaga como guarda.

Insuportável sonho é este sim
Que vive de palavras e mais nada,
Mas se há algo melhor diga pra mim.
Camila Sâmia
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Tateei numa noite a meu lado na cama, mas ele não estava lá.
Procurei por seus cabelos, sua pele, seu odor.
Procurei por suas palavras, sorrisos e risadas.

Procurei como louca, mas ele não estava lá.
Quando entregue aos caprichos do sono,
Enganador eterno, eterno traiçoeiro eterno,
Podia ver seu olhar, seus gestos, seus sorrisos.
Podia ver você.

Mas, nesta noite, já desperta, sei a verdade.
Você nunca esteve lá.
Camila Sâmia




Ouço um som.
Tal espelho, em sete ou seis partes sinto em meu peito partir.

Em cada reflexo um momento, uma lembrança.
Tão poucas, tão in-si-g-ni-fi-can-tes.
“Melhor assim”, penso.
Mais tarde, mais alimentadas
Felizes por se sentirem seguras, desejadas, am...
Sei que se partiriam em impossíveis pedaços.
Que o sopro de seu “adeus” mandaria pelo infinito
Deixando em meu peito nada, além do vazio
E em minha mente nada, além de você.
Camila Sâmia
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Entre reflexos e folhas

O vento da noite sussurrava para aqueles que falavam sua língua.
A loja era antiga e cansada. Muito tempo havia se passado e ela continuava lá. Chamava-se assim: “A Loja”, era o suficiente. Trazia consigo a sabedoria da idade e a personalidade múltilha dos que por ela passaram deixando sua marca. Eu sabia disso, pois já conhecia esse lugar, mesmo sem nunca ter vindo aqui antes.
Foi-me advertido, em sonho, para nunca me aproximar. Não pude resistir quando a vi de longe. Luzes artificiais refletiam na porta e chamavam minha atenção para aquela palavra tão perigosa: aberto.
Uma palavra apenas e eu estava perdida.

Um pequeno sino tocou quando ela abriu a porta.
Olhos cautelosos varreram o lugar. Passos lentos acompanhavam aquele olhar. Pareceu por um segundo ter uma luz de conhecimento apagada, no entanto, pelas trevas de seguinte confusão. Parou, observou as estantes reconhecendo nos codex antigos talvez uma tábua de salvação, mais próxima de sua realidade.
“Boa noite”, disse, “vim à procura de um livro”.
O silêncio a atendeu no lugar de qualquer vendedor e ela pareceu satisfeita pois seguiu as estantes cada vez mais para dentro. Bobagem procurar um livro. O livro é quem acha. Ao livro as pessoas pertencem, não o contrário. Mas ela se perdeu pelos corredores infindáveis daquelas páginas que a levavam por caminhos que nem eu sabia onde iriam dar.
Agora não importa. O cenário ainda não está completo.

Fui aprisionado por aquela porta.
Ao seguir pelo caminho conhecido, jamais esperei que um reflexo tão básico me aprisionaria daquela forma. Básico, eis aí uma palavra controversa. Não por ser simples, longe disso, era porque um reflexo numa porta de vidro é um princípio, o início de uma jornada por um mundo de possibilidades.
Fui tragado em completa confusão para dentro daquele lugar, sem chances de resistência ou de fuga.

O sino anunciou a entrada do outro.
O brilho em seus olhos mostrava completo fascínio pela visão que tinha, ele era um prisioneiro. Aquele brilho, aquele olhar de sede, me mostraram que ele era um joguete de seus desejos. Vislumbrando cada reflexo ele ia de espelho em espelho sendo tragado por aqueles corredores enquanto andava, sem saber, em direção de seu destino.
Tal qual espectro eu vagava pelos corredores daquela loja. Não pude evitar. Ao abrir a porta encontrei a única pessoa que jamais esperei ver: eu. Estava lá, dentro do espelho à me mirar. De quem foi a idéia de colocar um espelho em frente à porte? Depois, nada me restou se não seguir cada espelho que se refletia no anterior formando um labirinto impossível. A estrada não me pertencia - nunca pertence! -, mas eu segui por ela buscando espelhos.
De estante em estante ela vagou a procurar seu livro. Palavras, frases, idéias, mundos. Espelhos o levavam como ondas por aqueles corredores. Em busca de si ele mergulhava cada vez mais fundo. Seus dedos tamborilavam nas lombadas década exemplar marcando o compasso e seu coração cada vez mais veloz. Ela se aproximava. Palavra, letra, som, idéia. Ele agora corria por aquele labirinto interminável carregando em seu coração o ritmo conhecido apenas pelos loucos ou as crianças, conhecedoras que são dos mistérios indecifráveis da alma. Íntimas do impossível. O mundo que gira pára de girar. Os relógios não mais seguem seu caminho. Tudo cessou, pois ela encontrou o livro.
Conseguia ouvir apenas o som de meu coração agora. Parecia um louco em plena fuga. Tirei o livro de seu lugar, não importava onde estava, tudo teria resposta, pois o havia encontrado enfim. Afastei-o um pouco de mim, teria agora a dimensão de todo o seu poder e sabia disso, saberia finalmente a verdade jamais revelada em sonho ou realidade. Delicadamente acariciei a lateral e me preparei para o vislumbre da primeira página. Meu coração agora estava descompassado. Aquele barulho era ensurdecedor, eu estava ficando louca com a expectativa, mas, de repente, ele parou. O som cessou, mas meu coração continuava a bater, eu sentia.
Eu esperava por nada e por qualquer coisa, mas não para o que me foi apresentado, nunca. Era um reflexo. Meu reflexo. Mesmo sorriso de excitação, mesmos cabelos de fugitiva, mesmos olhos de expectativa. Era eu, todo esse tempo a resposta era eu. Pensei sobre isso decepcionada até que o senti. Não estava mais sozinha naquele lugar. Agora sabia quem era responsável por aquele som dos infernos que estava a me assombra. Eram seus passos. Sabia que ele estava bem atrás de mim e pensei, ainda, em fugir, mas já era tarde. Através do espelho, eu o vi mirando aquela página. Parecia perdido, encantado, seduzido por aquele livro sinistro que até então seduzira a mim.
Naquele momento eu soube que estava livre.
O feitiço agora havia pego outro e eu poderia ir, naquele momento, só naquele momento. Mas aí eu olhei para aqueles olhos e o mar me atingiu, senti-me encharcada naquelas águas perversas. Cada onda me arrastando para aquele abismo eterno enquanto eu, pobre náufraga, nadava furiosamente em busca das margens. E eu achei que iria conseguir até que a sentença foi selada. Ele, através daquele espelho, olhou para mim.

Não havia mais volta. O destino se cumprira, a resposta fora dada, tudo estava acabado.
Camila Sâmia
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Latis, o sonho

Latis, o sonho, voa pelo mundo em busca de seu sonhador.
Cantando com o vento, ele descobre caminhos, ensaia imagens.
Dançando com as folhas, ele desenha histórias, escuta mensagens.
Brincando com a água, ele desperta desejos, constrói miragens.
Flertando com o fogo, ele desvenda mistérios, cria passagens.
Latis, o sonho, está em todas as partes, sempre à procura.
Mas, Latis, o sonho, se fere, se cansa, nunca é fácil sonhar. Látis, o sonho, humano, resolve voltar a seu princípio. À frente da porta bate uma, duas, três vezes.
“Volte por onde veio”, diz Sentinela.
“Não posso continuar, há muito viajo, mas ninguém consigo encontrar.”
“Desta porta não há volta, é um caminho só de ida. Deves procurar o seu sonhador no lugar onde ele está.”
“Mas o busco enquanto dorme”, diz o triste Latis.
“Então o procure acordado”, fala, sereno, Sentinela.
“Mas o procuro acordado”, chora o pobre Latis.
“Pois o busque em sua casa, praças...”
“Mas viajo por essas paragens e também por cemitérios. Busco no gelo, calor, chuva e deserto. Nas flores, pedra estou a procurá-lo. No belo, tenebroso, ontem, hoje e amanhã. Se ele existe não consigo encontrar. Não posso a essa busca retornar”;diz, chora e se desespera o inconsolável Látis.
Mas o silêncio preenche todas as partes até ensurdecer Látis.
Latis grita, chora, se desespera, pára.
Cala, fala, sussurra, espera.
“Tu és um sonho, Látis, e um sonhador é o que buscas. O sonhar também te busca e nem sabe disso. Estais em todas as partes, que é onde deves estar. O sonhador é um cego que, um dia, se verá diante de ti e escolherá fugir ou tentar te entender. Caso a escolha seja a segunda, ele se verá diante de algo único, descobrirá a ti e a si mesmo. Tudo fará sentido e ele saberá por onde andar, caminhos tortuosos onde, ébrio, ele vagará sem rumo a seu lado. Será completo por que ele te encontrou e serás completo por ele estar junto a ti. E, nessa completude, descobrirão um vazio que só será preenchido por outro sonhador. Seguirão por este caminho louco em busca de porquês, razões e sentidos; então, quando descobrirem nada, saberás realmente que encontrastes teu sonhador.”
Látis, o sonho, dá as costas à Porta e olha o caminho a seguir.
“Vais pelo mundo, Latis, e busca o teu sonhador.”
Camila Sâmia
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Busco sempre o meu eu a cada passo que dou
Fujo sempre de mim a cada tempo ou instante
O espelho é a verdade,
dizem,
Mas, qual verdade é a minha se cada vez que me miro é sempre outro que vejo?

Terão as máscaras se misturado? Se imbricado? Se dissolvido?

Espelhos, espelhos... Fluidos como a água
Efêmeros como a vida.
Eternos como a morte.
Efêmeros como a morte,
Eternos como a vida.

Somente prisões opacas de grades horizontais
Ou o eterno branco, ou preto; vazio absoluto
Sem fugas
Sem possibilidade de outro
Sem possibilidade do mesmo
Sem possibilidade de mim
Seria capaz de conter o que busco
Seria capaz de conter o que foge
Seria capaz.
Camila Sâmia
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Provocação Artística Ritual e Experimental-PARE


Perfomance que reflete sobre as relações sexistas e de gênero na sociedade de consumo.
Qual o valor da mulher nesse contexto?
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Perfomance poética

 Intervenção no aeroporto Pinto Martins
Coletivo PARE
Semana de Direitos Humanos-SDH
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Funes
Quando dobrou a esquina lembrou-se do feijão.

Fim de caso
Escrevi no caderno o que apaguei da cabeça.
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soneto eco


como te quebro no doce ardor
das horas? encaixoto os sentidos
e deles extraio a suave brancura
que denuncia tua ausência presente?

te desenho em suspenso te privo da
ciência de meus pensamentos. insone
os dias noturnos parasitam o corpo
oco de tuas paredes brancas.

...........................................................
...........................................................
...........................................................

do próximo pesco os ruídos dos contrários.
que de esperanças o mundo está
cheio, que no clamar só sinto anseio.
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    —Uma vez não basta, gostoso é não ter fim.
    —Espero que saiba o que você fez.
    —Não sei o que fiz, nem sei o que faço de mim.

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    De toda aquela paixão que me devora
    Que me faz até perder o medo
    E viver somente por contar as horas
    Para nos encontrarmos em segredo.

    Lembro-me da glória das estrelas
    E do esplendor da lua intensa
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       Certo dia, enquanto fazia anotações em seu livro sobre as explanações do professor encontrou-se observado por uma colega de sala. Imediatamente desviou o olhar e continuou o que estava a fazer. Porém, os olhares perduraram por vários dias, até que Júlio entendesse que a moça estava enviando uma mensagem do tipo: Estou afim de você!
       Ocorreu-lhe após isso uma vontade de também observá-la. Começou de imediato a aquilatar-lhe a beleza. Tinha pernas e quadril torneados, cabelos curtos e louros, olhos verdes, uma tez bronzeada, vestia-se muito bem e, por fim, encantava quem a olhasse. Sua imaginação começou a fervilhar com a idéia de um possível romance, pois já estava na hora e seu corpo cobrava um entrelace amoroso. O ímpeto vinha dos fortes hormônios da mocidade.
       Permaneceu o mesmo por vários dias, ficava com receio de chegar àquela bela garota. Não tinha experiência com mulheres. Ela continuou a flertar com mais intensidade mesmo assim Júlio evitava pensar que todos aqueles olhares eram cobiçosos. Dizia consigo: Ela é muito bonita, não vai querer um cara como eu tímido. Franzino, sem-sal. Deve querer um desses de corpo atlético, garanhões, cafajestes etc.
       Resolveu não pensar mais nisso. Concentrou-se nos estudos. Inopinadamente no intervalo da aula, a garota vem e abruptamente aborda-o e pergunta seu nome.
       Nervoso, boceja: Chamo-me Júlio. E você?
    _ Meu nome é Alana, mas todos costumam me chamar de Lana.
    _  Prazer Lana.
    _ Bom, eu queria dizer que quando te vejo meu corpo fica de um jeito que não sei explicar. Fico louca! Chego a pirar.
    Uma forte emoção o possuiu de imediato, ficara desorientado. Não sabia o que responder, apenas balbuciou roufenhamente:
    - Você é linda.
    Ah, obrigada. Tenho que ir agora para aula, depois vejo você. Tchau 
    Júlio continuara imóvel no corredor diante daquela fulminante declaração, mas o seu senso o encaminhou para a aula de direito penal. Dias depois quando andava pela faculdade, um amigo, Wilker, chamou-lhe com um sorriso malicioso.
    - Ei cara vi você conversando com Lana. Esta virando um homenzinho heim! O que conversavam? Quero saber!
    - Nada, só, assuntos jurídicos. E você como está?
    - Estou bem, tenho trabalhado muito, mas estou conseguindo acompanhar as seis disciplinas em que me matriculei. Ah, não mude de assunto, vi os bem juntinhos outra vez e nesse mato tem cachorro.
    Naquele momento, Alana cruza e acena com um belo sorriso para os dois. Wilker saboreia-a com os olhos de uma raposa, chegando a salivar. Enquanto que Júlio ficara a repassar em sua mente o último encontro.
    - Júlio, tens o número do telefone dela?
    - Eu, não.
    - Pois toma. Faça bom proveito. Até mais, estou atrasado para a prova.
    Não houve tempo nem para Júlio se despedir, quando ensejou agradecer, seu amigo já estava dobrando o corredor. Passara minutos eternos olhando o número, fitava os oito dígitos com uma felicidade de quem ganhara na loteria. Não se deu conta do tempo.
    Ao chegar em casa escreveu uma mensagem dizendo o quanto desejava conhecê-la e, em seguida, enviou. Deitou-se na cama com as mãos entrelaçadas por baixo da cabeça apoiando-a confortavelmente Não custou muito e ouviu um toque de uma nova mensagem que continha as seguintes palavras: Adivinha o que quero fazer com você? Chocou-se ao ler. Suas expectativas foram quebradas, pois desejava encetar um namoro com todas as preliminares da conquista, o primeiro beijo e palavras de amor. Adormeceu pensando na mensagem.
    Na semana seguinte, seu celular não parava de receber mensagens apaixonadas que reclamavam um encontro ardente. Conversaram horas e horas pelo telefone num envolvente jogo de sedução. Combinaram tudo. Numa quinta-feira, à tarde, ficaram de se encontrar num restaurante às duas horas da tarde. Júlio chegou uns dez minutos de antecedência, sentou-se perto das janelas de vidro do estabelecimento; logo depois encostou um carro e, do interior, Alana chamou-o. Foi ao encontro dela, puxou-a para fora do carro e beijou-a violentamente. Em seguida, entraram no carro. Alana pergunta:
    - Você que ir para onde?
    - Não sei. Júlio temia em dizer a palavra motel, não se sentia seguro, achava que era precipitado falar naquele momento.
    - Diz um lugar legal onde possamos ficar juntinhos. Enquanto dirigia, Alana transpunha sua mão do câmbio da marcha para as pernas dele e acariciava-as excitando-o.
    - Deixo por sua escolha.
    - Pois então vou levá-lo para um lugar que espero que goste.
    O carro parou na entrada de um motel. Entreolharam-se com um sorriso e entraram. Foi uma tarde das mais ardentes e selvagens.

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    DuElo

    | | Marcadores: Camila Sâmia, Diálogo

    ̶ Eu já sabia que hoje, no finzinho da tarde, ia te encontrar. Sonhei contigo, hoje, agora à tarde. Estava bem claro e a lua vermelha espelhava nos teus olhos, cobertos de pranto. Se batendo contra as pedras em que cravavas tuas mãos, tal garras, hora golpeavas as pedras, hora a ti mesmo até que as pedras se quebravam e tu caías, desequilibrado, no meio delas. Mas, eis que as pedras se fecham e tu agora também és pedras! Sonho louco este. Mas, por que ris? Tu que és tão louco quanto este sonho?
    ̶ Não sou louco.
    ̶ Mas é claro que és. Se tu fosses pessoa sã não baterias em ti mesmo e nas pedras, pessoas sãs batem em outras pessoas sãs, ou em loucas, caso as encontrem.
    ̶ O que dizes não faz sentido! Acabastes de dizer que sonhastes isto.
    ̶ Tens razão. Caso não encontrasses um louco ou um são, sendo tu um louco, baterias em ti mesmo, claro. Mas, mesmo assim, não baterias nas pedras. Realmente és louco.
    ̶ Não, tu és o louco.
    ̶ Sim, eu o sou, mas, diferente de ti, não tento negá-lo. Dizem que os loucos jamais se dizem assim, então isto prova que és louco.
    ̶ Já te disse que não sou.
    ̶ Eu sabia: louco.
    ̶ Pois se assim o dizes eu digo que sou louco!
    ̶ Eu já sabia.
    ̶ E agora?
    ̶ O que?
    ̶ Não dirás que sou são por dizer-me louco?
    ̶ Não. És louco, já disse.
    ̶ Mas isso não faz sentido!
    ̶ Eu sou louco, não preciso fazer sentido.
    ̶ Desisto de ti!
    ̶ Desisto de mim.
    ̶ Vá embora! Não quero mais te ver ou falar contigo. Deixe-me só.
    ̶ Desculpe, mas não posso. Já te disse, sonhei contigo.
    ̶ E isso o que tem?
    ̶ Tem que hoje morreremos. Não prestastes atenção no que disse?
    ̶ Como assim morreremos? Só por causa de um sonho?
    ̶ Sonho? Eu digo que morreremos e isto não é sonho, é real.
    ̶ Quem tu pensas que é para dizer quando morrerei? Tu que és apenas um homem, sombra, reflexo, poeira, nada!
    ̶ Nada de poeira. Apenas o reflexo da sombra de um homem? Talvez. Mas, errastes numa coisa: não morrerás, morreremos, pois o teu destino está ligado ao meu já que és o meu reflexo no espelho.
    ̶ Enlouquecestes? Eu jamais seria o teu reflexo! Quando muito serias tu o meu reflexo.
    ̶ Desculpe, mas já não posso continuar esta conversa. O sol já está se pondo e eu devo me despedir de ti. Sabes que aqui não há luz e hoje, diferente do sonho, é dia de lua novo. Jamais nos veremos novamente, morreremos esta noite e só nos resta o adeus.
    ̶ Perdestes completamente o juízo? Que pergunta esta que faço a um louco! Estais a me contagiar! Pensas que vais embora e me deixar aqui falando sozinho? Eu partirei antes de ti e das duas uma, ou irei ao teu enterro amanhã ou te encontrarei aqui, no mesmo horário a te esfregar na cara minha vida e minha existência!
    ̶ Adeus bom amigo e obrigado por todos estes anos de companheirismo.
    ̶ Até amanhã seu doido varrido!
    Camila Sâmia

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    | | Marcadores: Camila Sâmia, hai-cai

    Num campo de flores
    O último suspiro
    Leva a leve borboleta.
    Camila Sâmia

    Segundo imortal.
    Luar, um grito calar.
    Lamento final.
    Camila Sâmia


    Ó tempo infalível
    Enterra no mar esta era
    Momento indizível

    Camila Sâmia

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    | | Marcadores: Camila Sâmia, Memória

    Fujo das lembranças
    Minha mente, eterna traiçoeira,
    Esmaga a rosa de minha vida
    E só se prende a espinhos, lágrimas,
    Sangue.

    Persigo momentos cobertos de sorrisos
    Mas, quando encontro, só me restam sombras,
    Só me restam traços, letras, sussurros,
    Ilusão e incerteza, minha herança é
    Nevoeiro.
    Camila Sâmia

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    O Arquiteto ou Arquiteto de Sonhos

    | | Marcadores: Camila Sâmia, Soneto

    Conheça o arquiteto do impossível.
    O mar separo para base ser.
    A espuma, branco véu do meu fazer,
    Será firme cimento do impossível

    E eu clamo pelo vento, o mais terrível,
    Pois tetos e muralhas quero erguer.
    Do tempo não almejo nada ter
    Desejo o material mais perecível.

    As letras são degraus de minha escada.
    Idéias? Só adornos no festim.
    O pensamento vaga como guarda.

    Insuportável sonho é este sim
    Que vive de palavras e mais nada,
    Mas se há algo melhor diga pra mim.
    Camila Sâmia

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    | | Marcadores: Camila Sâmia, Poema de Amor

    Tateei numa noite a meu lado na cama, mas ele não estava lá.
    Procurei por seus cabelos, sua pele, seu odor.
    Procurei por suas palavras, sorrisos e risadas.

    Procurei como louca, mas ele não estava lá.
    Quando entregue aos caprichos do sono,
    Enganador eterno, eterno traiçoeiro eterno,
    Podia ver seu olhar, seus gestos, seus sorrisos.
    Podia ver você.

    Mas, nesta noite, já desperta, sei a verdade.
    Você nunca esteve lá.
    Camila Sâmia




    Ouço um som.
    Tal espelho, em sete ou seis partes sinto em meu peito partir.

    Em cada reflexo um momento, uma lembrança.
    Tão poucas, tão in-si-g-ni-fi-can-tes.
    “Melhor assim”, penso.
    Mais tarde, mais alimentadas
    Felizes por se sentirem seguras, desejadas, am...
    Sei que se partiriam em impossíveis pedaços.
    Que o sopro de seu “adeus” mandaria pelo infinito
    Deixando em meu peito nada, além do vazio
    E em minha mente nada, além de você.
    Camila Sâmia

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    Entre reflexos e folhas

    | | Marcadores: Camila Sâmia, Conto

    O vento da noite sussurrava para aqueles que falavam sua língua.
    A loja era antiga e cansada. Muito tempo havia se passado e ela continuava lá. Chamava-se assim: “A Loja”, era o suficiente. Trazia consigo a sabedoria da idade e a personalidade múltilha dos que por ela passaram deixando sua marca. Eu sabia disso, pois já conhecia esse lugar, mesmo sem nunca ter vindo aqui antes.
    Foi-me advertido, em sonho, para nunca me aproximar. Não pude resistir quando a vi de longe. Luzes artificiais refletiam na porta e chamavam minha atenção para aquela palavra tão perigosa: aberto.
    Uma palavra apenas e eu estava perdida.

    Um pequeno sino tocou quando ela abriu a porta.
    Olhos cautelosos varreram o lugar. Passos lentos acompanhavam aquele olhar. Pareceu por um segundo ter uma luz de conhecimento apagada, no entanto, pelas trevas de seguinte confusão. Parou, observou as estantes reconhecendo nos codex antigos talvez uma tábua de salvação, mais próxima de sua realidade.
    “Boa noite”, disse, “vim à procura de um livro”.
    O silêncio a atendeu no lugar de qualquer vendedor e ela pareceu satisfeita pois seguiu as estantes cada vez mais para dentro. Bobagem procurar um livro. O livro é quem acha. Ao livro as pessoas pertencem, não o contrário. Mas ela se perdeu pelos corredores infindáveis daquelas páginas que a levavam por caminhos que nem eu sabia onde iriam dar.
    Agora não importa. O cenário ainda não está completo.

    Fui aprisionado por aquela porta.
    Ao seguir pelo caminho conhecido, jamais esperei que um reflexo tão básico me aprisionaria daquela forma. Básico, eis aí uma palavra controversa. Não por ser simples, longe disso, era porque um reflexo numa porta de vidro é um princípio, o início de uma jornada por um mundo de possibilidades.
    Fui tragado em completa confusão para dentro daquele lugar, sem chances de resistência ou de fuga.

    O sino anunciou a entrada do outro.
    O brilho em seus olhos mostrava completo fascínio pela visão que tinha, ele era um prisioneiro. Aquele brilho, aquele olhar de sede, me mostraram que ele era um joguete de seus desejos. Vislumbrando cada reflexo ele ia de espelho em espelho sendo tragado por aqueles corredores enquanto andava, sem saber, em direção de seu destino.
    Tal qual espectro eu vagava pelos corredores daquela loja. Não pude evitar. Ao abrir a porta encontrei a única pessoa que jamais esperei ver: eu. Estava lá, dentro do espelho à me mirar. De quem foi a idéia de colocar um espelho em frente à porte? Depois, nada me restou se não seguir cada espelho que se refletia no anterior formando um labirinto impossível. A estrada não me pertencia - nunca pertence! -, mas eu segui por ela buscando espelhos.
    De estante em estante ela vagou a procurar seu livro. Palavras, frases, idéias, mundos. Espelhos o levavam como ondas por aqueles corredores. Em busca de si ele mergulhava cada vez mais fundo. Seus dedos tamborilavam nas lombadas década exemplar marcando o compasso e seu coração cada vez mais veloz. Ela se aproximava. Palavra, letra, som, idéia. Ele agora corria por aquele labirinto interminável carregando em seu coração o ritmo conhecido apenas pelos loucos ou as crianças, conhecedoras que são dos mistérios indecifráveis da alma. Íntimas do impossível. O mundo que gira pára de girar. Os relógios não mais seguem seu caminho. Tudo cessou, pois ela encontrou o livro.
    Conseguia ouvir apenas o som de meu coração agora. Parecia um louco em plena fuga. Tirei o livro de seu lugar, não importava onde estava, tudo teria resposta, pois o havia encontrado enfim. Afastei-o um pouco de mim, teria agora a dimensão de todo o seu poder e sabia disso, saberia finalmente a verdade jamais revelada em sonho ou realidade. Delicadamente acariciei a lateral e me preparei para o vislumbre da primeira página. Meu coração agora estava descompassado. Aquele barulho era ensurdecedor, eu estava ficando louca com a expectativa, mas, de repente, ele parou. O som cessou, mas meu coração continuava a bater, eu sentia.
    Eu esperava por nada e por qualquer coisa, mas não para o que me foi apresentado, nunca. Era um reflexo. Meu reflexo. Mesmo sorriso de excitação, mesmos cabelos de fugitiva, mesmos olhos de expectativa. Era eu, todo esse tempo a resposta era eu. Pensei sobre isso decepcionada até que o senti. Não estava mais sozinha naquele lugar. Agora sabia quem era responsável por aquele som dos infernos que estava a me assombra. Eram seus passos. Sabia que ele estava bem atrás de mim e pensei, ainda, em fugir, mas já era tarde. Através do espelho, eu o vi mirando aquela página. Parecia perdido, encantado, seduzido por aquele livro sinistro que até então seduzira a mim.
    Naquele momento eu soube que estava livre.
    O feitiço agora havia pego outro e eu poderia ir, naquele momento, só naquele momento. Mas aí eu olhei para aqueles olhos e o mar me atingiu, senti-me encharcada naquelas águas perversas. Cada onda me arrastando para aquele abismo eterno enquanto eu, pobre náufraga, nadava furiosamente em busca das margens. E eu achei que iria conseguir até que a sentença foi selada. Ele, através daquele espelho, olhou para mim.

    Não havia mais volta. O destino se cumprira, a resposta fora dada, tudo estava acabado.
    Camila Sâmia

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    Latis, o sonho

    | | Marcadores: Camila Sâmia, Sonho

    Latis, o sonho, voa pelo mundo em busca de seu sonhador.
    Cantando com o vento, ele descobre caminhos, ensaia imagens.
    Dançando com as folhas, ele desenha histórias, escuta mensagens.
    Brincando com a água, ele desperta desejos, constrói miragens.
    Flertando com o fogo, ele desvenda mistérios, cria passagens.
    Latis, o sonho, está em todas as partes, sempre à procura.
    Mas, Latis, o sonho, se fere, se cansa, nunca é fácil sonhar. Látis, o sonho, humano, resolve voltar a seu princípio. À frente da porta bate uma, duas, três vezes.
    “Volte por onde veio”, diz Sentinela.
    “Não posso continuar, há muito viajo, mas ninguém consigo encontrar.”
    “Desta porta não há volta, é um caminho só de ida. Deves procurar o seu sonhador no lugar onde ele está.”
    “Mas o busco enquanto dorme”, diz o triste Latis.
    “Então o procure acordado”, fala, sereno, Sentinela.
    “Mas o procuro acordado”, chora o pobre Latis.
    “Pois o busque em sua casa, praças...”
    “Mas viajo por essas paragens e também por cemitérios. Busco no gelo, calor, chuva e deserto. Nas flores, pedra estou a procurá-lo. No belo, tenebroso, ontem, hoje e amanhã. Se ele existe não consigo encontrar. Não posso a essa busca retornar”;diz, chora e se desespera o inconsolável Látis.
    Mas o silêncio preenche todas as partes até ensurdecer Látis.
    Latis grita, chora, se desespera, pára.
    Cala, fala, sussurra, espera.
    “Tu és um sonho, Látis, e um sonhador é o que buscas. O sonhar também te busca e nem sabe disso. Estais em todas as partes, que é onde deves estar. O sonhador é um cego que, um dia, se verá diante de ti e escolherá fugir ou tentar te entender. Caso a escolha seja a segunda, ele se verá diante de algo único, descobrirá a ti e a si mesmo. Tudo fará sentido e ele saberá por onde andar, caminhos tortuosos onde, ébrio, ele vagará sem rumo a seu lado. Será completo por que ele te encontrou e serás completo por ele estar junto a ti. E, nessa completude, descobrirão um vazio que só será preenchido por outro sonhador. Seguirão por este caminho louco em busca de porquês, razões e sentidos; então, quando descobrirem nada, saberás realmente que encontrastes teu sonhador.”
    Látis, o sonho, dá as costas à Porta e olha o caminho a seguir.
    “Vais pelo mundo, Latis, e busca o teu sonhador.”
    Camila Sâmia

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    | | Marcadores: Camila Sâmia, O que é a escritura?


    Busco sempre o meu eu a cada passo que dou
    Fujo sempre de mim a cada tempo ou instante
    O espelho é a verdade,
    dizem,
    Mas, qual verdade é a minha se cada vez que me miro é sempre outro que vejo?

    Terão as máscaras se misturado? Se imbricado? Se dissolvido?

    Espelhos, espelhos... Fluidos como a água
    Efêmeros como a vida.
    Eternos como a morte.
    Efêmeros como a morte,
    Eternos como a vida.

    Somente prisões opacas de grades horizontais
    Ou o eterno branco, ou preto; vazio absoluto
    Sem fugas
    Sem possibilidade de outro
    Sem possibilidade do mesmo
    Sem possibilidade de mim
    Seria capaz de conter o que busco
    Seria capaz de conter o que foge
    Seria capaz.
    Camila Sâmia

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    Provocação Artística Ritual e Experimental-PARE

    | | Marcadores: Tatiane Sousa


    Perfomance que reflete sobre as relações sexistas e de gênero na sociedade de consumo.
    Qual o valor da mulher nesse contexto?

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    Perfomance poética

    | |

     Intervenção no aeroporto Pinto Martins
    Coletivo PARE
    Semana de Direitos Humanos-SDH

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    | | Marcadores: Micro-conto, roberto


    Funes
    Quando dobrou a esquina lembrou-se do feijão.

    Fim de caso
    Escrevi no caderno o que apaguei da cabeça.

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    soneto eco

    | | Marcadores: roberto, Soneto


    como te quebro no doce ardor
    das horas? encaixoto os sentidos
    e deles extraio a suave brancura
    que denuncia tua ausência presente?

    te desenho em suspenso te privo da
    ciência de meus pensamentos. insone
    os dias noturnos parasitam o corpo
    oco de tuas paredes brancas.

    ...........................................................
    ...........................................................
    ...........................................................

    do próximo pesco os ruídos dos contrários.
    que de esperanças o mundo está
    cheio, que no clamar só sinto anseio.

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